sábado, 27 de outubro de 2012

O MARATONISTA

Para o ministro das finanças, especializado em atletismo, mais exactamente em corridas de fundo, a salvação  de Portugal passa por vencer a maratona.
Segundo o referido e surpreendente especialista," Portugal está a dois terços da maratona, ou seja, por volta do 27º. quilómetro e que agora é preciso ter força de vontade, é preciso ter vontade de vencer".
Mais refere que "uma maratona torna-se cada vez mais difícil de vencer e os atleta têm os seus maiores desafios na fase final da maratona. É isso exactamente o que acontece com o programa de ajustamento".
Estas afirmações poéticas trazem-me à memória a trágica morte de Francisco Lázaro, o atleta português que soçobrou a 14 de Julho de 1912 quando disputava a prova da maratona integrada nos Jogos Olímpicos que se realizavam em Estocolmo, naquele ano.
A sua última queda, aquela que seria a fatal, ocorreu quando percorria o 29º. quilómetro. Já antes tinha cambaleado várias vezes, mas a sua enorme força de vontade permitiu-lhe que pudesse prosseguir até que já nem sequer raciocinar,  foi-se socorrendo da  sua teimosia exasperada.
Tudo isso,porém, de nada valeu e ao 29º quilómetro acabou por vacilar e já não pôde levantar-se mais.
Segundo testemunhos da época, havia uma corrente no âmbito do atletismo que defendia que para provas que exigiam maior desgaste físico, os atletas deveriam consumir uma mistura ou mistela a que chamavam "emborcação", constituída por 4 claras de ovo, uma gema, 450ml de água, 700ml de essência de terebentina  e 70g de ácido acético.
Acresce que Lázaro, antes de iniciar a prova, ter-se-ia besuntado com sebo, facto que teria contribuído para que os poros ficassem obstruídos. Também não usou qualquer protecção da cabeça em ambiente de sol aberto, a u ma temperatura  sufocante de 32º.
O que é certo é que o resultado foi funesto, sendo que a sua morte ocorreu porque teria entrado em desequilíbrio  hidro-electrolítico irreversível e consequentemente, em colapso.
Diz-se que, antes de partir para Estocolmo, Lázaro teria afirmado solenemente que "ou ganho ou morro".
Provou-se assim que a coragem, a força de vontade  não foram suficientes para a vitória.
Provou-se, por outro lado que a "emborcação", o facto de não se proteger contra as condições climáticas, os erros cometidos e a sua teimosia acabaram por contribuir para a sua derrota e, no limite, a sua morte.
Conclusão:
O nosso ministro das finanças, convertido agora também em especialista de maratonas, tinha obrigação de conhecer estas pequenas mas simbólicas estórias.
Aprender que Francisco Lázaro desfaleceu e não pôde mais levantar-se ao 29º quilómetro, facto muito importante e a fixar.
Seria bom que abandonasse por uns tempos os estudos sobre atletismo e cuidasse melhor do interesses de Portugal e dos portugueses, e analisasse os erros que até agora cometeu com a sua casmurrice.
Que meta na sua cabecinha e sem precisar de gaguejar que Portugal nunca poderá sair da crise apenas pelos seus próprios meios e que necessária e  obrigatoriamente que se estão a verificar alterações nas políticas a nível europeu.
Tem de se convencer que está errado nas políticas que tem prosseguido e que é  chegada a hora de inverter a sua marcha, já que nos estamos a aproximar do 29º. quilómetro da nossa maratona.



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